Na noite desta quarta-feira, dia 13, um incidente inusitado e preocupante ocorreu na Praça dos Três Poderes, em Brasília: a explosão de um carro atraiu a atenção de autoridades e da população. O veículo em questão pertencia a Francisco Wanderley Luiz, um homem natural de Santa Catarina. Uma hora antes do ocorrido, ele utilizou suas redes sociais para publicar mensagens agressivas direcionadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
Um perfil nas redes sociais repleto de teorias extremistas
Em seu perfil no Facebook, Francisco mantinha um histórico de publicações polêmicas e inflamadas. Nos posts recentes, ele compartilhava ideias alinhadas a teorias da conspiração anticomunistas, como aquelas defendidas pelo QAnon, movimento que ganhou força nos Estados Unidos e se popularizou em setores da extrema-direita. Essas postagens refletem uma visão radical e desconfiada das instituições democráticas, frequentemente promovendo desinformação e incitação contra figuras públicas.
Francisco, que já havia tido um passado político ativo, foi candidato a vereador na cidade de Rio do Sul (SC) pelo Partido Liberal (PL) em 2020 — o mesmo partido que tem o ex-presidente Jair Bolsonaro como uma de suas principais lideranças. Apesar de não ter conseguido se eleger, ele permaneceu ativo politicamente, especialmente nas redes sociais, onde seus seguidores o acompanhavam em discussões sobre temas sensíveis e controversos.
Postagens que antecederam o incidente
Horas antes da explosão, Luiz publicou uma mensagem enigmática em tom provocativo. “Pai, Tio França não é terrorista, né? Ele só soltou uns foguetinhos para comemorar o dia 13”, escreveu ele em um post que misturava ironia e críticas. O tom das mensagens sugeria um clima de celebração, embora o conteúdo fosse permeado por insinuações violentas e depreciativas. Ele também utilizou expressões que indicavam desdém pelas instituições públicas, chegando a se referir a elas como “carniça”, numa analogia pesada que comparava políticos a animais mortos.
A sequência de publicações chamou atenção pela escalada de agressividade, levando muitos a interpretarem que ele poderia estar planejando algo mais sério. Para algumas pessoas que acompanharam sua trajetória nas redes, os sinais estavam ali, mas foram ignorados até que a situação evoluísse para um desfecho mais drástico.
Investigação em andamento
Após a explosão do carro, as autoridades foram acionadas rapidamente e isolaram a área para conduzir uma investigação detalhada. Especialistas em explosivos, junto a peritos da Polícia Federal, estão analisando os destroços do veículo para determinar a origem da explosão e se houve a utilização de algum artefato caseiro ou substância química que possa ter causado o incidente.
O que preocupa as autoridades é o possível contexto ideológico por trás da ação, dado o histórico de publicações radicais de Francisco. Embora ainda não tenha sido confirmada uma ligação direta entre suas postagens e o evento, a linha de investigação principal considera a possibilidade de um ataque motivado por extremismo político.
Reações nas redes e reflexões sobre a segurança
Com o incidente rapidamente ganhando destaque na mídia e nas plataformas sociais, muitas pessoas expressaram suas preocupações sobre o aumento do discurso de ódio e da radicalização política no Brasil. Nos comentários das postagens de Francisco, alguns de seus seguidores chegaram a demonstrar apoio às suas ações, enquanto outros o criticaram duramente, questionando até onde essa retórica pode levar.
O episódio reabre o debate sobre a influência das redes sociais na propagação de teorias conspiratórias e no estímulo a atitudes extremistas. Com figuras públicas sendo alvos de ataques constantes online, cresce o questionamento sobre como essas plataformas devem lidar com discursos que incitam violência ou ameaçam a estabilidade social.
O papel das autoridades e o futuro da investigação
Enquanto a investigação prossegue, especialistas alertam para a necessidade de um monitoramento mais eficiente de indivíduos que apresentam comportamentos suspeitos nas redes sociais. No caso de Francisco Luiz, muitos se perguntam se a explosão poderia ter sido evitada caso as autoridades tivessem agido mais cedo com base em seus posts alarmantes.
Até o momento, Francisco ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido, e seu paradeiro é desconhecido. As autoridades estão analisando seus dispositivos eletrônicos e suas contas online para entender o que o motivou e se ele agiu sozinho ou em colaboração com outras pessoas.
A explosão na Praça dos Três Poderes é um lembrete perturbador de como o radicalismo pode ultrapassar os limites do discurso e se transformar em ações concretas, ameaçando a segurança pública e a ordem democrática. À medida que o Brasil lida com um cenário político polarizado, episódios como este destacam a importância de medidas preventivas para conter atos de violência antes que se tornem realidade.
